Michael, eu sei

Sinceramente, condenar antes de saber é fácil.

Com a morte de Michael Jackson, muitos fãs sairam do armário da vergonha a que a mídia os impôs ao condenarem o MJ (intimo não?) por pedofilia. Essa nunca comprovada.

Lógico. Já pensou se soubessem que você é fã de um pedófilo comedor de criancinhas? O que iriam pensar? Os poucos que tentaram explicar todas as mazelas espalhadas sobre o rei do pop não tiveram mais sucesso que o Lula defendendo o Sarney (esse aí de baixo) no Congresso.

Eu não era bem o que pode se dizer de um fã, mas farei minha pequena justiça com o ídolo de várias gerações, MJ:

Michael nasceu numa família onde a educação se dava na velha base do tapa, chinelo e cinto. Já na infância foi obrigado a fazer performances perfeitas em palcos e a manter o sorriso mesmo sabendo que atrás do palco seu pai o esperava com o cinto, por mais que sua apresentação fosse impecável. Fato esse o fez perder a infância. Iria a todo modo tentar reconquista-lá mais velho, desenvolvendo assim a sindrome de Peter Pan.

Como se não bastasse isso, Michael sofria todos os tipos de humilhações por parte de seus familiares, que zombavam de sua aparência com uma leve entonação em relação ao seu nariz. Sem esquecer logicamente que os EUA eram (e assim prefiro acreditar) extremamente racistas (vide a Klu Klux Klan), temos assim a explicação para seu "vitiligo" e sua mudança facial com ênfase no nariz. Lembram dele? Pois é.

Aliás, sobre a "branconização", Michael uma vez esboçou uma resposta mais ou menos assim:

"As pessoas brancas vão à praia para ficarem morenas..."

Não deixa de ter razão. Alguém não entendeu? Continuemos.

Na verdade, quando comentei sobre a sua síndrome de Peter Pan, não mencionei o fato de que ele realmente conseguiu. Michael nunca deixou de ser criança. Sua timidez fora dos palcos, suas atitudes infantis e sua falta de malícia com coisas tipo dormir na mesma cama com crianças (aposto eu que banhava junto também, no melhor estilo brincar de bolinhas de sabão) só me mostram o quanto, por mais estranha que possa parecer, a sua história de que nunca houve ato sexual consumado ou algo parecido é real. Há em Brasília um rapper que em um de seus versos de uma música sobre um jovem sofredor como tantos que vemos por ai canta o seguinte:

"Vai lhe dar em dobro todo o carinho
[a seu filho]
Que não teve quando era menino"

Não seria apenas isso que Michael queria? Que seus filhos não passassem o terror que passou nos braços de seu "pai"? Ele era louco ou apenas mais um dos sonhadores que John Lennon canta em sua Imagine? A sociedade está tão empobrecida de sofrimento que não acredita mais em amizades entre adultos e crianças? Ou entre qualquer outras diferenças?

A única verdade absoluta é que somente quem viveu para saber.