E a novidade???

Quando se vê essas cenas de tiroteio e afins na mídia ou coisa parecida, boa parte das pessoas acreditam ser assim somente na favela, onde os pobres ficam. Acham que lugar de rico é sempre seguro e tudo mais. E normalmente é assim... mas não no Rio de Janeiro:

Não se iludam... isso é Copacabana. Aquele bairro das queimas de fogos no réveillon. (sem trocadilhos).

O mais interessante é que quando isso acontece em um bairro nobre a gente até já imagina como vai ser a matéria veiculada nas Tvs:

Repórter aborta geralmente um tiozinho grisalho de camiseta, bermudão e sandálias extremamente limpos na porta do seu condomínio. Ao fundo percebe-se a calma do local, com jardins impecáveis e nenhum papel de bala no chão. O tio diz estar apavorado, que aquilo é cena de filme e que nunca imaginou que iria acontecer algo desse tipo ali, no seu tranquilo bairro onde (o repórter faz questão de salientar) o metro quadrado é um dos mais caros do país.

O que eu estou criticando aqui não é a reclamação do bom velhinho. Ele tem total direito de fazer isso e de estar apavorado. Aquilo não é a realidade a que está acostumado.

O que me irrita amargamente é a indiferença que a mídia trata situações idênticas ou piores apenas pelo fato do local onde ocorreu.

Essa semana, no trio manipulação Época, Veja e IstoÉ saiu a notícia do julgamento do austríaco Fritzl com direito e matéria especial falando do assunto em algumas delas. Infelizmente nenhuma citou o caso do brasileiro Raimundo Gomes Farias, que manteve uma garota em cárcere por nove anos, onde teve dois filhos (originários de abusos, óbvio), sendo que acabou por matar um. O sobrevivente, uma menina, também foi violentada.

Mas ok, vamos largar de ser rancoros, afinal de contas um jornal vive de fatos novos. Infelizmente no Brasil isso nunca vai ser novidade.