Em resposta ao CocadaBoa
Por Unknown,
Por que todo “cidadão indignado”, principalmente se for rico, começa o seu discurso sempre com o clichê: “pago todos os impostos”. Porra, isso faz dele um cidadão especial? É um ticket que dá direito a reclamar com mais razão? “Pago meus impostos” não é argumento para absolutamente nada, então já começou errando… Ah, e sem comentários sobre as balas de caramelo depois de um cafezinho. Quem diabos come caramelo depois do café?
Lógico que é argumento, quem não paga seus impostos (por mais absurdos que pareçam) tem sim mais direito de reclamar, ou de onde você pensa que vem o dinheiro do salário dos policiais?
LUCIANO HUCK foi assassinado. Manchete do “Jornal Nacional” de ontem.
Uhu! 186 acertadores marcaram 64 pontos no Bolão! [Manchete do Cocadaboa]
Jornalismo tosco, sem comentários.
E eu, algumas páginas à frente neste diário, provavelmente no caderno policial. E, quem sabe, uma homenagem póstuma no caderno de cultura. Não veria meu segundo filho. Deixaria órfã uma inocente criança. Uma jovem viúva. Uma família destroçada. Uma multidão bastante triste. Um governador envergonhado. Um presidente em silêncio.
Esqueceu do Kibeloco desempregado.
E um Cocadaboa sem assunto para banalizar
Por quê? Por causa de um relógio.
Um Rolex. De valor suficiente para alimentar uma família numerosa durante uns 2 anos. Uma tonelada de feijão condensada no seu pulso para mostrar o quanto você é mais bem sucedido que os outros.
Que foi comprado com dinheiro honesto ao contrário de outros cidadãos que ganham dinheiro às custas dos outros. Ou será que por que o meu vizinho não tem banda-larga quer dizer que eu também não posso ter?
Como brasileiro, tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado.
Pena? Desses caras é para sentir medo. Pena você devia ter da sua mucamba, que vai ter que lavar a sua cueca Calvin Klein borrada.
Pena, pois não tiveram as mesmas oportunidades que tivemos, pois nasceram sem mãe, passaram suas infâncias nas ruas vendo seus amigos serem mortos por cidadãos “honestos” que queriam “limpar a cidade” (vide ônibus 174 – O filme)
Provavelmente não tiveram infância e educação, muito menos oportunidades. O que não justifica ficar tentando matar as pessoas em plena luz do dia. O lugar deles é na cadeia.
E o seu lugar é enjaulado num condomínio de luxo.
E o seu é na escola, quem sabe assim não aprende quais são os seus reais direitos como cidadão.
Agora, como cidadão paulistano, fico revoltado. Juro que pago todos os meus impostos, uma fortuna. E, como resultado, depois do cafezinho, em vez de balas de caramelo, quase recebo balas de chumbo na testa.
De novo o papo de imposto… Uma fortuna? Você paga uma fortuna porque ganha uma fortuna. A carga tributária é a mesma para todos. Ou não. Corrijo: os ricos pagam proporcionalmente menos.
Inveja mata garoto.
Adoro São Paulo.
Há! Finalmente um pouco de humor!
E eu adoro Brasília, qual o problema?
É a minha cidade. Nasci aqui. As minhas raízes estão aqui. Defendo esta cidade. Mas a situação está ficando indefensável. Passei um dia na cidade nesta semana -moro no Rio por motivos profissionais- e três assaltos passaram por mim. Meu irmão, uma funcionária e eu. Foi-se um relógio que acabara de ganhar da minha esposa em comemoração ao meu aniversário. Todos nos Jardins, com assaltantes armados, de motos e revólveres.
Onde está a polícia? Onde está a “Elite da Tropa”? Quem sabe até a “Tropa de Elite”! Chamem o comandante Nascimento! Está na hora de discutirmos segurança pública de verdade.
Ah! Agora está na hora! Vamos discutir de verdade! Porque antes estávamos discutindo de brincadeira. Mas, agora que você escreveu esta carta indignada, todos vamos deixar as estripulias de lado e discutir para valer.
Quem sabe se os alienados deixassem de reclamar um pouco e agissem também teriamos um país um pouco melhor.
Tenho certeza de que esse tipo de assalto ao transeunte, ao motorista, não leva mais do que 30 dias para ser extinto.
Claro! E ninguém acaba com isso porque estão todos de brincadeira, ninguém quer levar o problema a sério.
Falou uma verdade. Votaram no Lula só por que ele é engraçado, obvio que ele vai levar tudo na brincadeira.
Dois ladrões a bordo de uma moto, com uma coleção de relógios e pertences alheios na mochila e um par de armas de fogo não se teletransportam da rua Renato Paes de Barros para o infinito.
Se transportam para o Capão Redondo ou Heliópolis, que para a galera dos Jardins fica muito além do infinito.
Onde pagam o pedágio para policiais corruptos fazerem eles sumirem
Passo o dia pensando em como deixar as pessoas mais felizes e como tentar fazer este país mais bacana. TV diverte e a ONG que presido tem um trabalho sério e eficiente em sua missão. Meu prazer passa pelo bem-estar coletivo, não tenho dúvidas disso.
Aham… 15 mil Reais na “Superchance” dá um bem estar para um infeliz por semana. Parabéns.
Parabéns pelo serviço de passarinho, se todos pensassem assim com certeza conseguiriamos apagar o incêndio.
Confesso que já andei de carro blindado, mas aboli. Por filosofia.
Filosofia… Foi Platão que disse: “Homens ficam mais atraentes em carros conversíveis.”
Decida, se ele não pode andar de rolex, então por que critica quando ele aboli o blindado?
Concluí que não era isso que queria para a minha cidade. Não queria assumir que estávamos vivendo em Bogotá. Errei na mosca. Bogotá melhorou muito. E nós? Bem, nós estamos chafurdados na violência urbana e não vejo perspectiva de sairmos do atoleiro.
Bogotá, a cidade da Colômbia? Ou “Bogotá”, o apelido do apartamento da Narcisa?
Comentário infeliz e desnecessário.
Escrevo este texto não para colocar a revolta de alguém que perdeu o rolex, mas a indignação de alguém que de alguma forma dirigiu sua vida e sua energia para ajudar a construir um cenário mais maduro, mais profissional, mais equilibrado e justo e concluir -com um 38 na testa- que o país está em diversas frentes caminhando nessa direção, mas, de outro lado, continua mergulhado em problemas quase “infantis” para uma
sociedade moderna e justa.
Alguns chamam isso de “choque de realidade”.
Ou decepção.
De um lado, a pujança do Brasil. Mas, do outro, crianças sendo assassinadas a golpes de estilete na periferia, assaltos a mão armada sendo executados em série nos bairros ricos, corruptos notórios e comprovados mantendo-se no governo.
Você sabe de que lado está, né? E você sabe que deu sorte, né?
Isso não quer dizer nada, o direio de reclamar é de todos
Nem Bogotá é mais aqui. Onde estão os projetos? Onde estão as políticas públicas de segurança? Onde está a polícia? Quem compra as centenas de relógios roubados?
Poderia dizer “eu”. Mas mesmo assim o preço de um roubado é maior do que a minha renda permite.
Infelizmente os cidadãos não perceberam ainda que quem financia o tráfico são eles. Se não tem dinheiro pra comprar na loja, não compre. Ou você acha que eu sonho em comprar uma Ferrari?
Onde vende?
http://lista.mercadolivre.com.br/rolex
Não acredito que a polícia não saiba. Finge não saber.
Falta informatização nas delegacias.
Uma luz no fim do túnel, finalmente algo útil.
Alguém consegue explicar um assassino condenado que passa final de semana em casa!? Qual é a lógica disso? Ou um par de “extraterrestres” fortemente armado desfilando pelos bairros nobres de São Paulo?
“Fortemente Armado”? Com um 38? Fala sério… Tem certeza que você mora no Rio? E enquanto você enxergar os que não pertencem a sua casta como “extraterrestres” vai ser difícil te levarem a sério.
Comparando com os 38 da PM são fortemente armados sim. Tem certeza que você mora no Rio?
Estou à procura de um salvador da pátria.
Procura o Lima “Sassá Mutema” Duarte aí no Projac.
Ele é mais capaz que o Lula
Pensei que poderia ser o Mano Brown, mas, no “Roda Vida” da última segunda-feira, descobri que ele não é nem quer ser o tal.
A rima foi proposital?
Outro alienado com medo do tráfico.
Pensei no comandante Nascimento, mas descobri que, na verdade, “Tropa de Elite” é uma obra de ficção e que aquele na tela é o Wagner Moura, o Olavo da novela.
Aham! Tudo que foi mostrado no “Tropa de Elite” é uma obra de ficção. Nada daquilo acontece nas favelas. Qualquer semelhança do Capitão Nascimento com qualquer Capitão do BOPE é mera coincidência. Você tem uma bela percepção do que é real e do que é ficção, parabéns!
PM honesto é coisa de filme mesmo (por culpa do sistema, não culpem os policiais)
Pensei no presidente, mas não sei no que ele está pensando.
Se ele soubesse escrever, te faria talvez uma resposta como a minha.
De vez em quando algo se salva desse texto
Enfim, pensei, pensei, pensei. Enquanto isso, João Dória Jr. grita: “Cansei”. O Lobão canta: “Peidei”. Pensando, cansado ou peidando, hoje posso dizer que sou parte das
estatísticas da violência em São Paulo.
Bom vindo ao clube! Eu também sou! Dois carros (que somados devem valer o seu Rolex)! E também já tive o privilégio de ter duas armas apontadas para mim.
Dois carros? Eu não tenho nenhum, quer dizer que você é playboy no meu ponto de vista certo?
E, se você ainda não tem um assalto para chamar de seu, não se preocupe: a sua hora vai chegar.
Esqueceu de mencionar que eles não vão poder reclamar na Folha.
Mas podem votar dããããnnn.
Desculpem o desabafo,
Desculpo não. Quem tem que ouvir teu desabafo é seu psicólogo.
Realmente, não desculpo, não há o que desculpar, só lamentar.
mas, hoje amanheci um cidadão envergonhado de ser paulistano, um brasileiro humilhado por um calibre 38 e um homem que correu o risco de não ver os seus filhos crescerem por causa de um relógio.
Isso não está certo.
No tempo que você escreveu o seu desabafo, mais dezenas de pessoas foram assaltadas em São Paulo. Ele não muda nada. E nem vai mudar. Seu discurso é irrelevante.
Para alguém em algum lugar esse discurso fez a diferença, infelizmente o seu também fez a diferença para alguém, acabando assim com o saldo positivo que o desabafo teria.
LUCIANO HUCK, 36, apresentador de TV, comanda o programa “Caldeirão do
Huck”, na TV Globo. É diretor-presidente do Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias.
MrManson, 28, diretor presidente do Cocadaboa e da ONG “Webcam para todas”. Manda um beijo pro Tio Hermes.”
Erik Paixão, 19, futuro jornalista, presidente da rede A'Toa Associações Religiosas Ltda.
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